quarta-feira, 25 de junho de 2008

CRISE DOS INGRESSOS - por Gustavo Cavalheiro

A Copa de 2010 está logo na esquina, batendo à porta! Muitos se preocupam com elefantes brancos/estádios no padrão FIFA, centros de transmissão, aeroportos, mas de longe o que mais me preocupa é a CULTURA de venda de ingressos no Brasil.

O cambista faz parte do negócio em todo mundo, vide a massificação de vendas de ingresso por cambistas de rua na Copa da Alemanha (nunca na História desse país, diria o outro!). Em qualquer show da Broadway, você compra ingresso mais barato, a poucas horas do espetáculo na TKTS, o famoso saldão da sobra do cambista oficial. Nos jogos de futebol em São Paulo a FPF chegou a montar postos de compras até em cidades vizinhas (Barueri, ABC e etc) e algumas vezes proibiu a venda no dia do jogo no local de sua realização, obrigando a movimentação restrita de pessoas com os ingressos na mão.
No Pan do RJ a venda de ingressos foi tranquila e pela internet, o sistema foi ágil e além de comprar pela internet, o comitê organizador entregava os ingressos no seu endereço com total comodidade e segurança (mesmo que muitos porteiros tenham sido acusados de desvio!). Caso o ingresso não chegasse em suas mãos até o início da semana do evento comprado, você podia ir a qualquer posto do Pan e emitir um novo ingresso cancelando o antigo: sem filas, confusões e traumas. O único trauma era ver as bilheterias para os ingressos excedentes, montadas em containers em frente dos ginásios em dias de calor de 30 a 35 C, abafando e desidratando os voluntários.

Pensar no Futebol no Brasil sem cambista é tão absurdamente utópico quanto a qualidade sanitária dos deliciosos, mas nocivos, lances de pernil de porta de estádio. Passou do tempo de ser hábito de uso para fazer parte da cultura, do status quo do negócio futebol.

O caso deflagrado pela TV Globo do funcionário do Coritiba ("...mas o que que é isso César?") que fazia falsificações de ingressos de jogos por todo Brasil, com serigrafia própria e distribuição garantida é apenas a ponta de um iceberg chamado indústria-cambista.

A suspeita da participação de funcionários ou ex-funcionários da BWA (grande player das catracas do futebol brasileiro) levantam perguntas sobre a segurança dos bilhetes e do maquinário empregado nas nossas bilheterias e acessos. São essas empresas e principalmente esses conhecedores do proceso produtivo dos bilhetes que atuarão como nunca lesando turistas nacionais e gringos a Copa 2010.

O caso das finais da Libertadores é mais estarrecedor, pois pela média foram vendidos 5 ingressos por SEGUNDO, sendo que a carga unitária máxima eram 2 ingressos. Tem gato, bode e elefante nesta tuba!

Isso sem levar em conta o já tradicional acréscimo do valor do dito ingresso por parte dos clubes nas fases finais. Fluminense e Palmeiras (camp. paulista) abusaram da sede ao pote e dobraram os valores de ingressos para aproveitar no seu balancete a boa fase do campo, espremendo o bolso do torcedor.
Nenhum plano de fidelidade, técnica de marketing foi usado para premiar os torcedores mais assíduos com garantia de ingressos na fase final, pelo contrário: torcedor é gado e assim como capim, se arrancarmos um nascem mil no lugar.

Existem vários estádios com áreas de venda por internet e cartões de crédito. Existem alguns clubes que só vendem ingressos para seus sócios e o excedente é vendido aos não sócios, num segundo momento. Existem técnicas de descentralização de pontos de venda... existe tudo isso, mas no fundo existe aquele cidadão que toma cpfs de idosos, coloca garotos para ficar na fila por ele e compram milhares de ingressos no esquema perfeito de vendas também.

Não adianta, sempre existirá a malandragem e o jeitinho brasileiro e um bom lanche de pernil na porta do estádio esperando a sua grana.

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