E a emoção tomou conta do Morumbi. A despedida de um grande ídolo sempre é
comovente, mas quando o mesmo é considerado mais do um simples jogador, a
emoção é bem maior.
Rogério Ceni é um desses casos. O goleiro-artilheiro deu o seu adeus à
torcida tricolor. A festa foi incrível, digna de um pop-star. A torcida pode
ver o goleiro até se arriscando na música. Sim, ele tocou guitarra e cantou “Envelheço
na cidade” com o grupo Ira!. Momento histórico.
Em campo estiveram vários craques e importantes jogadores do passado. A
maioria da equipe que conquistou dois títulos mundiais(92-93) e o tricampeonato
em 2005. O placar pouco importou. 5x3 para o time de 2005. O que valeu mesmo foi a oportunidade, principalmente para os mais novos de sentir um pouco do que foi o time comandado pelo
mestre Telê Santana. Hoje, mesmo fora de forma, muitos ainda conseguiram demonstrar
a técnica apurada como Raí, Muller, Válber, Zetti, e por aí vai, além daqueles
que mantém a mesma saúde, como por exemplo, o lateral e depois meia Cafu,
artilheiro da noite. O ex-jogador ainda parece um menino, impressionante.
Na equipe de 2005, apesar de bem mais limitada tecnicamente, sobrou a
entrega e determinação. De quebra, Rogério ainda atuou por muito tempo na linha
e, mesmo antes de fazer um emocionante discurso, deixou o seu, em cobrança de
pênalti.
A carreira de 25 anos dedicada à um único clube não teve somente amor,
porém é sabido que amor e ódio andam lado a lado. Por pouco o M1TO não
abandonou o São Paulo. O coração falou mais alto, a maturidade de saber
levantar a cabeça, após erros cruciais também. Assim, o goleiro entrou para a
história do esporte. Se muitos não o consideram com “tal” status e preferem
comparar com outras lendas, no caso folclóricas como “ Saci-Pererê”, “Mula-sem-cabeça”,
entre tantas outras, sinceramente poderiam deixar a rivalidade de lado e
aplaudir.
O discurso só não foi melhor porque o microfone estava com problema, de
qualquer maneira deu para entender tudo que se passou com o pensamento, coração
e integridade do atleta. Agradeceu um a um. Vivenciou um filme na cabeça,
quando atuou com craques talentosos que o ensinaram como liderar e ser o “cara”
e os outros a se entregar, apesar das limitações. No fim do discurso, sem que
nada fosse combinado fez um pedido aos seus familiares: Que quando morrer que
suas cinzas sejam jogadas no estádio. A torcida foi à loucura.
Acredito que Rogerio Ceni em breve estará em alguma função no futebol. No
São Paulo, algo me diz que um dia estará novamente no comando. Será? É aguardar
para ver. A minha torcida é para que novos ídolos surjam no “pobre” e “improvisado”
futebol brasileiro.
Até a próxima”
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