segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER - Por Rodrigo Curty

coluna do Flamengo
O assunto de hoje não é livro e nem cinema. Trata-se de futebol, que não deixa de ser uma arte e tão pouco, em sua atual conjuntura de vendas mirabolantes e jogos tecnicamente fracos possa ser comparado ao clássico do tcheco Milan Kundera.
Para quem não conhece a obra, uma pequena descrição para entender o que vem a seguir. O livro conta com enredos erótico-amorosos e se passa em um tempo politicamente opressivo. Traz uma reflexão da existência humana como um enigma que resiste à decifração. Mostra a escolhas e situações do acaso de seus protagonistas, que remete o peso insustentável que guia a vida e o reconhecimento da opressão, de forma que consiga suavizá-la
O romance tem muito a ver com a situação atual ou de alguns anos do Flamengo. Começando pela política do clube e longe de criticar a forma com Eduardo Bandeira de Mello e seus respectivos gestores conduzem o clube, principalmente no quesito financeiro.
Sem sombra de dúvida, o que se viu do Flamengo "no papel" no ano passado para esse é completamente diferente. A receita que entra e sai é absurdamente maior, assim como os nomes para vestir o manto rubro-negro.
Esse ao meu ver foi um dos principais aspectos que culminaram na demissão de Zé Ricardo. Se no ano passado, o comandante teve um rendimento extraordinário, mesmo caindo inexplicavelmente na reta final da competição, pelo menos via dentro do campo, um time com raça, entrega e sintonia entre os escalados e reservas. 
Nessa temporada, o peso ambicioso de conquistar a Libertadores e o Brasileirão naufragaram com os que chegaram para somar e sem nenhum planejamento, afinal toda semana era um ou outro que se juntava aos presentes.
A primeira queda, ainda na fase de grupos ajudou na sequência ruim, sobretudo emocional. A falta de competência, poder de reação, jogo bem definido, alternâncias táticas, confiança e união colabora para a diferença gritante de 18 pontos para o líder Corinthians.
O título nacional é uma ilusão e por que não entender que uma das vagas à Libertadores também? O time atual do Flamengo não tem nenhuma identidade com o clube, as tradições e só se fala em dinheiro, sócios-torcedores e trabalhar, trabalhar e trabalhar para mudar uma situação que não parece ter cura.
Assim a culpa maior vem sobre o treinador, claro. A mudança de comando sempre é válida se houver um desgaste e falta de pulso. A derrota por 2x0 para o Vitória, na Ilha do Urubu, estádio esse que veio com a ideia de ser um caldeirão, se transformou no inferno astral e a certeza da falta de comando de Zé Ricardo.
O treinador entrou com um estilo de jogo e uma escalação completamente diferente do que vinha fazendo. Entregou de vez os pontos e jogou para sorte a sua permanência. Acreditava como tantos rubro-negros que o elenco desse calibre rendesse se jogasse solto e sem medo de perder. Tinha tudo para dar certo se não fossem os mesmos erros dos jogos anteriores. Laterais que viram avenidas, zagueiros lentos e um meio que toca, toca, toca e não arrisca chutes, que insiste em chuveirinhos, não ousa em jogadas individuais e que não têm confiança.
Hoje o Flamengo busca entender a opressão de seus apaixonados torcedores. Tenta juntar os cacos, buscar a cura para amenizar a crise escancarada. Tenta recuperar o prestígio, a confiança dos que pagam altos valores pelo ingressos, dos que se associam, dos que não darão paz ao presidente e diretor de futebol Rodrigo Caetano e que desejam ainda as "cabeças" de Muralha, Rafael Vaz, Márcio Araújo, Gabriel, e por aí vai.
A tendência, se vierem os resultados é de um acordo de paz, principalmente porque um dos que desejavam a saída partiu - Zé Ricardo com seus 62,6% de aproveitamento nos longos 432 dias no comando e no currículo, a conquista do carioca desse ano e suas 47 vitórias, 25 empates e apenas 17 derrotas.
A ferida precisa ser estancada logo, independente de quem venha à assumir. Dizem que deve ser um nome de peso, um cara de pulso, que vibre e faça o time vibrar. Outros acreditam em nomes conhecidos, paizões e de identidade com o clube. Por fim, os mais pessimistas, pensam em soluções caseiras ou "inventadas" por essa diretoria que faz muito bem a conexão com empresários,e que nos faz lembrar de gestões como a de Kléber Leite. Sim, muitos jogadores e nada de resultados no campo.
Faça a sua aposta, alguns nomes como Carpegianni, Dunga, Jorginho, Oswaldo de Oliveira, Ricardo Gomes, Roger Carvalho e até de Reinaldo Rueda ventilam, mas quem assume mesmo, pelo menos até o jogo de quarta-feira contra o Palestino é o Sr. Jayme de Almeida.
Força ao Flamengo e pés no chão. O Brasileirão é ilusório, mas a Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana é uma realidade, antes mesmo da obrigação.
Até a próxima!

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