quinta-feira, 25 de julho de 2013

O VALOR DOS RENEGADOS - Por Rodrigo Curty

E lá se foi mais uma Taça Libertadores da América. E novamente um time brasileiro triunfou. Está virando rotina. Desde 2010, o país comemora a conquista. Foi assim com a torcida do Internacional, Santos, Corinthians e agora o Atlético MG. 
Se no ano passado, o alvinegro paulista chegou ao seu primeiro título no torneio, desta vez o mesmo aconteceu com o clube mineiro. E olha que a missão foi bem difícil. O time mostrou muitos valores e fez muito por merecer.
Desde 1996, o time de melhor campanha na primeira fase não ficava com o caneco. Nesta edição o Galo reinou e sobrou em quantidade de vitórias, gols marcados, poucos sofridos, enfim. O time que vem em evolução desde 2012 correu riscos quando foi montado e contava com muita desconfiança de profissionais do ramo esportivo. Era tratado como um refugo de renegados. Júnior César, Richarlyson, Ronaldinho Gaúcho, Jô, Alecssandro, Guilherme, Tardelli, entre outros davam motivos para o pensamento, uma vez que nos ex-clubes aprontaram ou se deixaram levar pelas manchetes negativas da falta de profissionalismo, encostos, etc. 
Aqui o mérito se deve muito também ao presidente falastrão Alexandre Kalil. Justiça seja feita, ele demonstrou coragem, competência e firmeza nas decisões tomadas com os parceiros que acreditavam no projeto.
Outro que mereceu e muito o título foi Cuca. O treinador sempre tido como pé frio, por pecar psicologicamente quando mais era exigido e claro também ser responsável por montar times que jogam um futebol ofensivo, e que entram para matar ou morrer, finalmente chegou a glória. O treinador bancou o R10 e cia, dividiu as opiniões, não se omitiu e foi duro quando precisou.
Se esse Galo não é tão vibrante tecnicamente e esteve tão longe de ser tão valorizado por todos como os esquadrões do final da década de 70 e início dos anos 80, é o que será lembrado pelo resto da vida. O que se conquista, não se apaga. E olha que a taça veio de um jeito muito sofrido. Desde às quartas-de-finais o torcedor foi testado. O coração mostrou força e exigiu cuidados. Jogos dramáticos, decididos na marca da Cal, jogadores tendo que chamar a responsabilidade, necessitando jogar juntos, o banco demonstando a confiança necessária e provando fazer a diferença. O Galo foi uma prova de que a união literalmente faz a força. Cuca teve o time na mão. Tirou jogador quando tinha que tirar, correu riscos calculados, abusou da sorte, mas teve Nossa Senhora no comando, e isso para quem tem fé não fica na mão.
A torcida também teve sua contribuição. Não abandonou nunca, jamais deixou de acreditar. Fez do estádio Independência um Horto que quem entrava saia morto, e quando necessitava do milagre e pensamento positivo criou o jargão"Eu acredito", em alusão ao símbolo do clube CAM. 
Assim, como questionar esse título? Como pensar que foi sorte de campeão? Por que tirar os méritos de um time que jogou com força, lutou como diz o hino a todo momento, parou em certos momentos de dar espetáculos, mas Libertadores é isso mesmo, vence quem sabe jogá-la e não quem pensa em dar shows. 
O que falar do drama contra o Tijuana? E as derrotas para Newell's Old Boys e Olímpia nas primeiras partidas? Da reversão de placar? Do paredão Victor, que adiantando ou não pegou penalidades e fez milagres, quando foi exigido? Da categoria e valentia do menino Bernard? Da zaga artilheira e dura quando tinha que ser? Da experiência dos volantes, e de Gilberto Silva que aceitou e foi muito bem de zagueiro? Da criação e da obediência tática do meio. Do artilheiro do torneio Jô, que fez justiça a ida à Seleção Brasileira? Do retorno e experiência de Tardelli, da maestria e apagões sem serem sentidos de Ronaldinho? 
Futebol é conjunto, e valorizo um time que se propõe a desafios e fecha com chave de ouro o que foi combinado. Tinha tudo para ser uma equipe vaidosa e de rachas, mas o que se viu foi um time unido para um "cala boca" histórico e que parou Minas Gerais.
Segura agora Brasil, pois tudo leva a crer que os comandados de Cuca querem mais e vão lutar duramente pela conquista do Nacional.
Parabéns Brasil! Parabéns ao Clube Atletico Mineiro.
Até a próxima!



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