E o futebol carioca mais uma vez decepcionou os seus torcedores. Opa,
antes de cometer um erro, vale o registro que a exceção foi o Botafogo. O
alvinegro jogou à série B com dignidade e retornou à elite do futebol
brasileiro no campo e com brio. O título foi bastante comemorado, assim como a
certeza de que é preciso se reforçar e formar um novo “time” para se manter sem
correr riscos de sair novamente do principal torneio do país.
Às vezes é muito melhor entrar em alguma competição sendo “a zebra” do que
como favorito. A pressão é menor, a expectativa somente aumenta no decorrer da
competição, entre outras coisas.
Coincidência ou não foi assim que o alvinegro Glorioso chegou ao seu primeiro
título brasileiro em 1995, aqui não contabilizo a Taça de Ouro de 68, pois o
nacional é considerado, desde 1971, mas nesse momento isso não importa, afinal
o dia 17/12 daquele ano jamais será esquecido pelos botafoguenses.
O clube passava por sérios problemas financeiros. Atrasava salário dos
jogadores e somente pagava quando os estádios em suas partidas lotavam. O presidente na época era Carlos Augusto
Montenegro, que trouxe o time para perto dele com atitudes nada comuns. Pegava
a parte da renda destinada ao Botafogo e entregava para que o elenco dividisse
no vestiário, ou seja, provava ali que o time vencendo, a renda aumentaria e
consequentemente os atrasos de três, quatro meses seriam equalizados aos
poucos. O time tinha qualidade e com um recurso de apenas R$ 710 mil, trouxe 14
jogadores, entre eles estavam o zagueiro Gonçalves, Donizete, que veio do
México, Iranildo e Leandro Ávila. Todos comandados pelo então desconhecido
treinador Paulo Autuori. A mescla experiência e juventude deu resultado, mas
por pouco a maior estrela daquele time não faria história. Túlio não aceitava
ficar sem receber e quase saiu da equipe. Foi para Goiânia e quase foi parar no
Corinthians, mas Montenegro, mesmo ameaçando multar o jogador, caso não
retornasse ao Rio conseguiu mantê-lo no clube. Quis o destino que Túlio virasse
o eterno ídolo da Estrela Solitária. A mística da camisa 7, antes vestida por
Garrincha e Jairzinho voltaria à tona. O artilheiro falastrão marcou 23 gols na
competição e fez parte de jogos memoráveis. Entre eles os dois da final contra
o Santos. Na partida de ida no Maracanã, a vitória de 2x1 teve gol do camisa 7
e provocação. O clima para a grande final era tenso. O torcedor do Peixe tinha
certeza que o título viria, principalmente após ter visto como o time passou
pela semifinal contra o Fluminense. Perdeu a primeira por 4x1 e reverteu o
placar na volta com a sonora vitória de 5x2. Desta forma, a vantagem de um gol
teoricamente não seria problema.
Antes do duelo, o zagueiro da Vila Ronaldo mostrou um pôster do Santos
campeão, em General Severiano, Túlio respondeu dizendo que faria o gol
Peixe-Frito. O Pacaembu recebeu quase 30 mil torcedores e se calou aos 24’ da
primeira etapa. Túlio, impedido estufou as redes. O Santos pressionou em busca
do resultado. Chegou ao empate com Marcelo Passos, após lance irregular de
Marquinhos Capixaba. O jogo ficou lá e cá e no final a pressão quase dá certo. O
Santos chegou ao seu gol, mas o árbitro Márcio Rezende de Freitas anulou o gol
legítimo de Camanducaia. Depois ainda deu tempo do ataque santista parar na
muralha Wagner e Donizete acertar a trave de Edinho.
O título, apesar dos erros não deixou de ser justo pela campanha e o
futebol apresentado com todas as dificuldades da temporada.
Parabéns ao Botafogo pelo título que completa 20 anos hoje, mas que o
torcedor se recorda como se fosse ontem.
Até a próxima!
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