terça-feira, 23 de outubro de 2007

VIDA LONGA AO REI! por Gustavo Cavalheiro

Essa expressão é originária das monarquias européias, mas hoje podemos usá-la sem erro:

VIDA LONGA AO REI!

Em 23 de outubro de 1940 nascia um garoto que faria do Brasil “o país do futebol”, o mundo girar e até uma guerra parar. Nascia o rei!

Falar do mito é fácil, todos sabem quem é Pelé, alguns sabem quem é Édson Arantes do Nascimento, mas a pergunta que ninguém faz é: COMO SERIA PELÉ, NASCIDO EM 1980?


23 de outubro 1980: Nasce em Três Corações, em Minas Gerais;

1986: O pequeno Édson chora ao ver o Brasil eliminado na Copa do México e promete ao seu pai: Um dia serei Campeão Mundial;

1990: Já na escolinha franqueada do Guarani Futebol Clube em Bauru, ele é improvisado na lateral direita num jogo do infantil contra o Araçatuba Atlético Clube, um olheiro do Internacional de Porto Alegre informa à sua diretoria que “ali tem jogo” e entrega um cartão ao Seu Dondinho.

1991: Campeão sub-12, na reserva da lateral esquerda do Bragantino, o garoto recebe o apelido de Édson Mineiro, pois um outro garoto, o Édson Capixaba - camisa 10 é titular do clube do técnico Carlos Alfredo que não gostava do apelido Gasolina, que o garoto tinha.

1992: Aos 12 anos, titular do Bragantino no Paulistão da categoria, Édson Mineiro faz duas boas partidas contra a Portuguesa e o Santos, despertando o interesse do clube praiano, mas no mesmo dia Seu Dondinho (pai de Édson) foi abordado por um empresário paraguaio Felix Maestro que oferece um contrato de experiência na Bélgica.

1993: Édson Mineiro vai pra cidade de Bruges, capital da província Belga de Flandres Ocidental pra jogar no Club Brugge K.V., um time que acabava de ser campeão da temporada 91-92 profissional.

1996: Em três anos, o empresário Felix Maestro conseguiu alguns testes em times da Europa para o jovem de 16 anos, mas Édson Mineiro queria voltar por não se adaptar. Ele estava pronto para o primeiro jogo como titular numa liga adulta, ele estrearia no Santos.


Era noite de quarta feira e o Santos jogava em casa. Poucos torcedores sabiam que naquela noite, eles estariam frente à frente com um jovem predestinado. Édson se prepara para vestir o uniforme em seu primeiro jogo profissional. Veste as meias brancas, o calção branco e a camisa branca... e verde do SANTOS LAGUNA do México.

1998: Em uma carreira meteórica, Édson Mineiro saiu da lateral, virou atacante de sucesso com 13 gols em 10 jogos no Torneio de Verão já pelo Necaxa e as vésperas da Copa do Mundo a imprensa internacional dá como certa a convocação do brasileiro Édson Mineiro para a seleção mexicana, mas isso não acontece.

1999: Édson se transfere para o Racing Santander e se mantém em times médios e pequenos da Espanha por duas temporadas e meia

2001: Após uma “investigação” de Felix Maestro, seu empresário paraguaio, Édson descobre que tem um longínquo parentesco português e “consegue” um passaporte europeu, isso facilita sua transferência para Skonto FC da Letônia.

2005: Édson se estabiliza na Letônia onde consegue o tetracampeonato da Liga Letã (2001-04), o bicampeonato da Copa Letã(2001-02), é o artilheiro isolado da temporada por dois anos(2002-03), é considerado o jogador do ano pela imprensa Letã por quatro temporadas (2001-04) e se casa em dezembro de 2005 com a local Indrik Virsli.

2006: È apresentado para a imprensa como a grande contratação do Rosenborg Ballklub da Noruega, onde vira artilheiro do Campeonato Norueguês, ganha a Chuteira de Ouro da Europa por ser o maior goleador da temporada com 42 gols em 30 partidas. Ao fim da temporada grandes equipes do continente europeu mandam empresários à Noruega. Roma, Juventus, Liverpool, Bayern Munique, Celtic, Atlético de Madrid disputam o passe de Édson, mas o empresário Félix fecha contrato de 08 anos com o FC Dnipro Dnipropetrovsk da Ucrânia, onde o atleta promete encerrar a carreira.

23 de Outubro 2007: Édson completa 27 anos e durante as semanas anteriores ele esteve bem perto de estrear em uma partida oficial em solo nacional. Ele faz parte da lista de convocados para seleção brasileira que joga as Eliminatórias para a Copa de 2010 da África do Sul. Brasil e Equador se enfrentam, no Maracanã, e Édson foi convocado por Dunga.

Mesmo sem nunca ter visto Édson em campo, o técnico canarinho “banca”a convocação dizendo à imprensa brasileira ainda incrédula, que se trata de um atacante, um fora de série. Mas as vésperas da apresentação em uma partida do Ucraniano contra o Arsenal Kiev, Édson sofre uma grave lesão no joelho e ficará sem jogar pelos próximos 6 meses.

A diretoria do FC Dnipro Dnipropetrovsk libera Édson para fazer sua recuperação no Brasil e hoje ele está em Três Corações a espera de um bolo de chocolate de sua mãe e o breve retorno aos gramados.

Nessa parábola, Édson Mineiro jogou em 11 anos de carreira profissional por 8 times diferentes no México, Espanha, Letônia, Noruega e Ucrânia sem nunca ter disputado uma partida oficial no Brasil. Marcou 367 gols em pouco mais de quase 450 partidas nunca ouviu um grito de gol em português, é milionário pai de 3 filhos com dupla cidadania que falam 4 idiomas. Ainda entrega 20% de todos seus vencimentos ao empresário e padrinho de casamento Felix Maestro.

Lembrem-se: Édsons nascem alguns, Pelés nunca mais, mas o problema está quando os Felix Maestros estão por aí livremente transformando Pelés natos em simples Édsons.

2 comentários:

  1. Parabéns, cara! Mto legal o blog e mto boa a crônica!!! Manda bala e sucesso pra vc!

    Abração!

    Rica.

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  2. Espetacular essa cronica !!! Muitos Felix no futebol e nenhum Pele !

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