sexta-feira, 6 de julho de 2018

BRASIL PECA PELA COMPETÊNCIA - Por Rodrigo Curty

E o Brasil mais uma vez ficou pelo caminho na Copa do Mundo. O algoz dessa vez foi a seleção da Bélgica. Ganhar ou perder faz parte de qualquer esporte e também na vida, resta saber como lidar com isso.
Os comandados de Tite tiveram um desempenho aquém das expectativas, mesmo que muitos discordem. O time deveria ter sido trocado pelo elenco. As mudanças deveriam ter sido realizadas, independente de suas convicções. 
Hoje é muito fácil criticar, xingar, lamentar a derrota e falar de Tite e seus comandados. Penso que o trabalho deve ser mantido, porém com algumas condições que fizeram falta e que uma hora iríamos vivenciar. É preciso entender que as eliminatórias sul-americanas não podem servir de base para algo maior. O nível é outro e as facilidades muito maiores para chegar à Copa. 
O treinador manteve as suas convicções, suas ideias de longo período porque não viu outra alternativa. Acreditou realmente que no final das contas, os seus "protegidos" e "apostas" dariam conta do recado e calariam as críticas. 
Ora, a insistência em Gabriel Jesus, Paulinho e Willian foram desnecessárias. Repito, o time deveria ser elenco. Roberto Firmino não foi bem hoje, mas poderia sair titular, Douglas Costa poderia entrar antes, assim como Renato Augusto, antes titular e mais experiente que o escolhido Fernandinho. 
É verdade que aos poucos a seleção evoluía e aparentava dar o tão sonhado espetáculo ao seu torcedor. O problema é que o esquema burocrático, o de resultados e paciência se consolida quando se tem a partida no controle. E foi exatamente isso que faltou nas quartas de final. 
Tudo bem que o Brasil poderia antes dos 10' estar na frente com dois gols de vantagem, só que faltou a competência e a sorte que nos acompanhou por tanto tempo. E é sabido que a sorte acompanha os competentes e os que trabalham, e isso nunca faltou.
Então porque não deu certo justamente quando precisávamos? Talvez por acharmos que somos mesmo os melhores, os imbatíveis, os únicos pentacampeões. Talvez por prepotência e falta de compreender que os europeus nos copiaram bem e evoluíram na questão de competitividade e futebol de qualidade, enquanto deixamos de herdar o que eles podem nos ensinar, como as mudanças táticas e frieza, por exemplo. 
Ora, no futebol é preciso respeitar e reconhecer as limitações. O Brasil não teve nenhum tipo de mudança tática, era um time óbvio e de fragilidades nas laterais e fraqueza no meio-campo. Um time que jogou com vontade e determinação sem nenhum tipo de esquema, era tudo na base do jogar na área e ver o que vai dar -  uma hora um pé aparece na frente da bola e empurra para as redes. Para ser campeão é preciso muito mais. 
Ficou nítido que Tite demorou para entender que uma peça fora seria a certeza de algo drástico como foi. Casemiro fez muita falta. Fernandinho sentiu a infelicidade no gol contra e a partir daí errou, marcou errado, não teve apoio do restante da equipe e poderia ter o treinador fazendo a troca. 
E olha que mesmo assim o Brasil se impôs e foi muito superior a "ótima geração belga", que mostrou o suficiente para abrir 2x0 e aguentar a pressão. Provou ser uma equipe em que todos jogam por todos e não apenas para um brilhar. Provou ser uma equipe de esquema tático, mudanças inesperadas como Hazard e Lukaku jogando de pontas com De Bruyne jogando de falso 9. 
Do lado brasileiro faltou uma liderança, um cara que chamasse a partida para si. Calma, falo de Philippe Coutinho e Neymar, que sumiram e foram meros coadjuvantes, enquanto Douglas Costa, que após entrar foi a melhor alternativa para buscar algo na partida. Fez o que os considerados craques deveriam fazer. Outro que tentou foi Marcelo, um lateral/ala. Só que quem brilhou e poderia sair como o melhor do jogo deu azar -  Renato Augusto marcou o gol e teve a chance do empate, antes mesmo de Neymar, no apagar das luzes parar novamente na muralha de nome Courtois.
Agora é levantar a cabeça e reconhecer que a seleção não estava madura para conquistar o Hexa. É repensar nas regalias e nas preocupações extracampo, como as redes sociais, as marcas que investem horrores na figura de A ou B como garoto propaganda. Seleção brasileira é coisa séria e deve ser respeitada e valorizada mais do que qualquer equipe em que um atleta que é convocado atua. É preciso entender isso, como também valorizar aos que no país atuam. 
Longe de comparar com os outros que estão anos luz na nossa frente, no que diz respeito o surgimento e trabalho de base. Basta pensar apenas em Alemanha, França e Inglaterra, que contam com mais de 80% dos convocados atuando nos clubes de seus países. Ok, o Brasil não tem força financeira para manter os que surgem em seus clubes, mas poderia repensar no formato de manter um base também em casa, caso contrário, esqueça comprometimento, identidade e o significado de vestir a camisa mais pesada do futebol mundial.
Força Brasil e que comece o planejamento desde já. Daqui quatro anos nos vemos no Catar.
Até a próxima!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário