sexta-feira, 29 de agosto de 2008

E agora José? - por Gustavo Cavalheiro

Em um primeiro instante, muitos ainda não se deram conta do tamanho da Tsunami de mudanças da cobertura esportiva brasileira nos próximos anos e seus impactos no cotidiano do esporte.
A Rede Record (turbinada com uma receita Divina) comprou por US$ 30 milhões (R$ 63 milhões), os direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Londres e Panamericano do México, deixando a Globo a ver navios. Esta por sua vez, viu suas bases fortemente atacadas no futebol (CBF) e principalmente no automobilismo (F1-FIA), mas sobreviveu e agora vive o dilema.
Em anos a Globo escondeu-se atrás de direitos comprados e não transmitidos de grandes eventos, mas agora terá de repensar sua linha editorial de esporte.
“Nos orgulhamos dos patrocinadores, das agências de propaganda. Porque uma coisa é importante: é a nossa única fonte de receita, para que a gente possa investir no conteúdo que leva gratuitamente à sua casa. É mais uma grande cobertura que chega ao final. Mas já estamos preparando a próxima. E a próxima grande festa vai ser do esporte mais importante. Todo mundo vai olhar para a África. É claro que a Globo vai estar lá”. Galvão Bueno no encerramento da transmissão em Pequim
Para a Globo, não tem o menor sentido investir em esportes olímpicos como vôlei, vôlei de praia entre outros, para criar ídolos e ficar sem o filé da exposição e receita publicitária do Pan e Olimpíadas. Tenho uma opinião pessoal, embasada em um estudo que realizei com meus amigos da HWD Esportes (Caio e Diego Senra) que a tendência da Globo será focar primeiro no futebol, depois no futebol, ai sim, no futebol mais um pouco e cobrir os poucos espaços restantes com automobilismo, futsal e ligas americanas nos próximos anos.
Mas aí fica a pergunta: e a SPORTV? Em poucos anos, creio que não teremos mais nenhum troféu de natação, etapa de ginástica, seletivas de judô na grade do "Canal Campeão", visto que ainda temos muitos contratos destas confederações com a Globo e elas pagarão o pato de não terem mais a exposição (pouca) que tinham, nem em tv fechada.
Por outro lado a Record tem de investir desde ontem de manhã em cativar e criar a torcida brasileira pelo esporte. Ter a imagem, hoje ainda com a Band, de ser o "canal do esporte". A salvação para o grande investimento da Record está em transmitir tudo, de atletismo a vela, de judô a handebol. Seleções, campeonatos, seletivas, etapas, mundiais, sulamericanos.... tudo!

Imaginem que o sólido binômio Globo-COB deve ter balançado demais com essa negociação frustada e não me espantaria em nada uma caça às bruxas com direito a Globo Repórter e matérias nitroglicerínicas no Jornal Nacional/ Fantástico sobre a gestão do dinheiro feita pelo COB, os resultados frustantes do Brasil nas Olimpíadas e seu atual presidente Nuzman. Se vocês lembrarem da CPI Nike-CBF, com direito a derrubada do Luxemburgo do cargo de técnico por questões políticas, sabem do que a Globo é capaz.
E agora José.... Roberto Marinho (VP das Organizações Globo)?
Imagem: Kapkav

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