quarta-feira, 1 de março de 2023

LÁGRIMAS E CHUVA - Por Rodrigo Curty

E não é que a música Lágrimas & Chuva, composta por Bruno Fortunato, Carlos Leoni, George Israel e cantada lindamente na voz da bela Paula Toller, da banda Kid Abelha até que casa com o momento do Flamengo?

Arrisco dizer que tem muito rubro-negro perdendo o sono, chorando, lamentando e que busca entender o sentido da atual fase da equipe. Sim, o medo de ter uma temporada drástica é real, como é o de entender que o mundo é injusto e no momento ruim, o desejo é esquecer.

Sim, eu assumo, que eu queria esquecer que o Mais Querido do Brasil, mais uma vez decepcionou o seu torcedor. Lá se foi mais um título pelos ares, desta vez o da Recopa, em pleno Maracanã com quebra de recorde de público. Sim, o campeão foi o Independiente del Valle, do Equador, que fez valer da única opção que tinha para chegar ao objetivo - o de deixar de jogar, atrasar o jogo, catimbar e contar com a sorte até a decisão nos pênaltis, vencido por 5x4.

De qualquer maneira, futebol é competência e como o rubro-negro não teve durante mais de 130 minutos e na marca da cal, o que se viu no apagar das luzes foi mais um Maracanazo, um vexame, uma tristeza para mais de 42 milhões de torcedores.

Definitivamente o Flamengo está em uma fase ruim. E olha que se analisarmos friamente, veremos que o time vem em evolução, mesmo ainda devendo demais em alguns quesitos. Basta prestarmos atenção no setor defensivo que levou apenas dois gols nas últimas cinco partidas, sendo duas delas com um time reserva. Ok, só que o futebol é feito de gols, e nesse quesito que sempre o time foi forte, está uma vergonha. No mesmo período foram apenas sete gols marcados.

É inadmissível marcar apenas um gol na equipe equatoriana. É bem verdade que na primeira etapa, se as chances criadas fossem convertidas em gol, hoje falaríamos que finalmente o time parecia engrenar. Ora, cinco chances claras, sendo quatro de cabeça, duas batendo na baliza e apenas uma de Varela chutando para a defesa de Moisés Ramírez. É pouco para um time de qualidade técnica absurda. No segundo tempo, o time foi muito mal, VP demorou para mexer. Matheus Cunha e Cebolinha foram bem, e Arrascaeta deu uma esperança no fim, para na prorrogação não render e nas penalidades sucumbir. Coisas do futebol. 

Muita das vezes as conquistas ou vitórias ofuscam os problemas. O maior erro do Flamengo se chama planejamento. Foi assim, quando terminou a Libertadores com o tricampeonato. Longe de achar que Dorival Junior seria a solução, mas também, longe de concordar que deveria sair da maneira que foi. Mesmo nitidamente o time abrindo mão do resto da temporada, com duas taças importantes conquistadas, o treinador deveria permanecer até o final do Mundial de clubes, independente do resultado.

Pois bem, assim não foi. A diretoria trouxe Vítor Pereira e convenhamos, da pior maneira possível. Até poderia ser ele o nome, mas não no momento que foi. Um tiro no pé, aliás, mais um dessa diretoria, que sim, é vitoriosa, porém que se sente acima do bem e do mal. VP completou ontem 58 dias no comando e já perdeu três decisões( Supercopa, Mundial de Clubes e Recopa). O time segue trocando o pneu com o carro em movimento. Todos acreditavam que o entrosamento da equipe supriria qualquer adversidade.

Só que existe a metodologia de cada pessoa. E VP definitivamente tem dificuldade de implantar a sua e sabe Deus se conseguirá ficar no comando. Hoje o time é um festival de cruzamentos sem sentido. A bola parada não existe, assim como a parte física e técnica desejada. 

De qualquer maneira, arrisco dizer que a diretoria não quer cometer os mesmos erros de gestão com os antecessores do português. É claro que o cenário é parecido com o ocorrido com Paulo Sousa e Domènec Torrent, para não falar de Rogério Ceni, Renato Portaluppi e Dorival Jr.

A temporada está apenas no começo, só que a paciência acabou. O que fazer? Buscar culpados? Recomeçar? Parar de palhaçada e entender que o Flamengo é uma empresa e que as regras do jogo devem ser seguidas, jogadores gostem ou não. Sim, em momentos de crise, o que sempre parece é que os jogadores que mandam. 

Nomes como Santos, David Luiz, Varela, Vidal, Arrascaeta, Éverton Ribeiro, Gabigol, Pedro, entre outros, oscilam muito. Tem que olhar mesmo para a garotada, principalmente para Matheus Cunha e Matheus Gonçalves. Chega de jogar com o nome. Chega de colocar panos quentes e aceitar que o elenco peça um treinador que seja boa gente, que não cobre treinamentos "fora de hora", que "escuta" o que pensam do planejamento e etc, para assim darem resposta no campo.

Na atual conjuntura, se eu fosse arriscar, diria que VP sai se tiver uma proposta e, se ficar, tem prazo, sairia no meio do ano, para a volta de Jorge Jesus. Claro, que insistem em falar da possibilidade de Tite. E Cuca? Ora, quanta suposições. Se fosse escolher, porque não Marcelo Gallardo?

Acredito que vale viver o presente, afinal o momento é conturbado, mas a hora é de te calma, avaliar se seria hora de uma renovação, uma rejuvenescida no elenco, contratações pontuais e não astronômicas. O elenco é fortíssimo, e tenho certeza que dará a volta por cima, como sempre deu, afinal, acredito que não apenas eu, mas quase que a massa inteira, fica ouvindo passos e acredita, quem sabe o fim da história, viveremos as glórias de mil e uma noites.

Ser Flamengo é para os fortes e a torcida abandonar agora seria um erro. É a hora da união, de sermos mais fortes e lutarmos como sempre contra tudo e todos. Levar a energia para o elenco responder com raça, amor e paixão!

É aguardar para ver! Até a próxima!

 


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