quinta-feira, 27 de setembro de 2018

FLAMENGO E O SOFRER SEM VENCER - Por Rodrigo Curty

Foto: forums.tibiabr.com
E mais uma vez o Flamengo decepciona o seu fanático torcedor. A eliminação na semifinal para o Corinthians vai muito além da equipe não estar em mais uma decisão.
E não é de hoje que as deficiências técnicas, a falta de padrão tático, a mediocridade e o jogo óbvio mostram as caras.
O Flamengo tinha tudo para vencer o Timão em sua casa. Provar que o primeiro jogo foi um erro de percurso. A diferença técnica, porém não fez presente. A falta de ousadia, garra e vontade deu lugar a máxima do futebol - a da competência.
No Corinthians isso prevaleceu. E é bom que se diga que se no jogo de ida, o alvinegro se apequenou e mesmo assim quase venceu, na volta fez a lição de casa diante de sua torcida e avançou.  
E como sempre, ao clube carioca, restou as desculpas e mais desculpas após o vexame. E muitos insistem em dizer que não sabem a resposta a tantas vergonhas. O fato é que o Flamengo virou há muito tempo um clube que se mostra um modelo de administração e sem nenhuma aptidão a levantar taças.
Tudo bem que a gestão Eduardo Bandeira de Mello colaborou e muito para os vexames. Pé frio, departamento de futebol fraco, planejamento pífio e outros blá-blá-blá. 
Agora vamos analisar friamente e sem paixão: Antes dele, o clube era afundado em dívidas e tão pouco levantava taças de expressão. Desde 2009 não levanta um Brasileirão. Desde 2013 a Copa do Brasil. E nesse período levantou os supervalorizados estaduais e virou manchetes de 'piada" na Libertadores e Copa Sul-Americana e lutou contra rebaixamento. Pior, se acostumou a ser vice, a perder sem sentir a dor da perda. Virou um time acomodado e com o discurso de que "agora é levantar a cabeça" e pensar na frente.
O ano de 2018 tinha tudo para ser o ano da redenção. o ano de que o trabalho que foi feito no triênio traria os sonhados títulos. Só que não. Do discurso e promessas do início da temporada, resta agora, se muito, jogando essa "bolinha", conseguir uma vaga para a próxima Libertadores da América.
O erro de planejamento quando Paulo César Carpegiani, que veio para ser coordenador e virou treinador com a saída de Rueda, já dava sinais do que viria na temporada. 
Como se não bastasse, a derrota nas semifinais do estadual para o Botafogo mostrou novamente a falta de preparo da diretoria, foram apenas 17 jogos no comando e a demissão juntamente com diretor-executivo de futebol Rodrigo Caetano. Lambanças e mais lambanças.
Veio então o estudioso, o bom de grupo Maurício Barbieri. O bom começo fez com que fosse efetivado. O time chegou a ser líder do Brasileirão e sofreu com a parada para a Copa. O erro foi a efetivação do treinador? Ora, sejamos frios e calculistas e sinceros. O treinador tem um futuro pela frente, porém nenhuma experiência para administrar pressão. Não adianta mudar treinador agora e ter a mesma postura nos bastidores. 
Barbieri falhou ao não assumir que o Flamengo era um elenco de mais de 30 jogadores. Tinha que ter trabalhado dois times distintos ao invés de ir todo jogo para o limite de cada um dos 11 escolhidos. Ficou sem opção de mudança tática, inventou posições, foi incoerente, enfim, perdeu o comando e ao meu ver a credibilidade com muitos.
Afinal, como explicar para um jogador que atuará uma partida que na próxima ele volta ao banco? Por que não dar ritmo e incentivo, como por exemplo fez e faz no Palmeiras, o experiente e de grande personalidade Felipão? Lá diziam às más línguas que ele duraria  somente 10 jogos. Só que não, hoje mesmo eliminado tem o grupo na mão porque todos jogam e ainda conta com a possibilidade de levantar um dos torneios que estão em disputa.
Por isso, vejo que o maior erro do Flamengo é o de não ter um "cara", um ex-ídolo ou alguém que faça o grupo sentir na pele o que é vestir essa camisa que perde seu peso a cada "queda" vergonhosa.
E longe de achar que os tempos de porrada na cara, xingamentos e menosprezo resolveria. No radicalismo, a melhor saída talvez, seria colocar os "meninos" que honram desde cedo a camisa rubro-negra. Afastar os ídolos e medalhões que muita das vezes jogam com o nome.
E outra, muito jogador precisa sentir que o conformismo é inadmissível. Precisa sentir a dor aonde mais dói, no bolso. 
Precisa de um responsável para cobrar isso. Dizer que os salários são altos e pagos em dia. Dizer que tudo que se espera é um time que agrida, que "sangre", que jogue no limite, se assim for preciso para conseguir vencer e convencer.  
O torcedor não merece passar por isso e muito menos ter que sempre ouvir o discurso de que o time precisa aprender a sofrer, sentir dor, como se isso fosse certeza de vitória. Está provado que não é isso, afinal, o rubro-negro está mais do que acostumado a sofrer sem vencer. 
É aguardar os próximos capítulos e de uma vez por todas o entendimento de que o clube tem elenco e não tem um time. De que o clube tem investimento e não tem conhecimento de futebol. De que o clube tem estrutura e não cobra como deveria os seus empregados. 
E por fim, de fazer valer a faixa com os dizeres "O Brasileiro é obrigação" que voltará ainda mais forte, ser a luz no fim do túnel.
Até a próxima!!

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