quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O MAIOR ADVERSÁRIO DO FLAMENGO É O FLAMENGO - Por Rodrigo Curty

E nada como um dia após o outro. E assim, normalmente é a vida dos que passam por situações adversas. É sabido que nada dura para sempre, nada mesmo. E sabendo disso, por que no futebol seria diferente?

O melhor time do país indiscutivelmente é o Flamengo, doa a quem doer. E doa a quem doer, aquele que acha que o melhor sempre vencerá. No futebol, estamos cansados de ver Davi vencer Golias. Estamos cansados de ver desastres, jogos inacreditáveis e derrotas sem explicações. A competência e a coletividade valem mais do que qualquer equipe considerada galáctica.

Bem, esse não é o caso do Flamengo de hoje. É fato que o time tem com certeza explicações para o péssimo momento que vive, aliás, que insiste em permanecer, desde a volta aos gramados no período de pandemia. O torcedor apaixonado, acostumado com um ano mágico de 2019 e um 2020 que começou promissor com três conquistas em 10 dias (Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Taça Guanabara), viu a pandemia chegando também no planejamento do clube. 

Por mais que possa parecer desculpas, é fato e insisto em dizer, que após a parada, tudo mudou na Gávea. Jorge Jesus não era o mesmo cara vibrante. Os jogadores não falavam a mesma língua em campo e assim seguem. Mesmo assim,sem atuar 60% do que se esperava, conquistou o 36º campeonato carioca contra um valente Fluminense. 

O time há tempos demonstra desinteresse e falta daquela alma de raça e de todos jogando por todos. O problema é que está virando rotina. Qual o motivo? Redução de salários? Pagamentos dos direitos de imagem postergados para começarem ser pagos a partir de janeiro de 2021? Propostas batendo na porta? Insatisfação com o projeto do ano?

Para piorar, veio então a saída do treinador mais vitorioso do clube - Jorge Jesus e sua competente comissão. Está certo que Marcos Braz logo buscou alternativas e fechou com o então ex-auxiliar de Pep Guardiola, o senhor Domènec Torrent. Solução rápida e pelo que tudo indica, equivocada. Calma, ainda é cedo para qualquer avaliação, mesmo com invenções sem necessidade, quando se tem uma equipe pronta e que só precisa de um novo "carinho", "broncas pontuais" e coletividade nas escolhas do que ir a campo. 

Ora, muitos rubro-negros acreditavam que o Brasileirão seria novamente um verdadeiro baile e que o Flamengo voaria sem concorrência. É bem verdade que foram apenas duas partidas, sendo que na primeira, contra a então sensação Atlético MG, a pontaria e falta de competência foram mais destaques do que o baile levado pelo Atlético GO na noite de ontem. Agora, será que entrar em pânico nessa hora é a melhor solução? A história mostra que não. 

O elenco é fortíssimo, basta saber escolher as peças e aceitar que falta um trabalho mais profissional. O preparo físico é fundamental. Treinos táticos, exaustivos, finalizações, a bola parada, que cá entre nós, não funciona há muito tempo, idem. Só que o tempo é curto, é jogo a cada três dias, e o que fazer? Inventar esquemas como a que vimos ontem? Jamais. Cadê os capitães (Everton Ribeiro, Diego Alves e Diego Ribas) para orientar e dividir opiniões do que pode ser feito para voltar as vitórias? 

Talvez a palavra chave, além de trabalho, seja ousadia. Sim, colocar para jogar os meninos da base, dar chances com mais frequência para Gustavo Henrique que é mais jogador que o contestado e já sem clima, Léo Pereira, Pedro, jogando na posição certa, Thiago Maia, Diego, Michael e Pedro Rocha, entre os titulares. Os "medalhões" precisam se ligar que não existe ninguém blindado e muito menos que cabe espaço para uma fogueira de vaidades, no qual todos estão ganhando e bem. 

Chega de soberba e de acreditar que a supremacia existe, mesmo sem jogar bem. As atuações estão envergonhando o torcedor. Passou da hora de limpar a roupa suja de dentro para fora. 

Para quem não se recorda, desde 1997, o Flamengo não sofria duas derrotas seguidas no Nacional. A torcida precisa jogar junto com o time. A falta da presença nos estádios, sem dúvida atrapalha, e sim, isso não é uma exclusividade, mesmo para o time de maior torcida. 

O Flamengo em breve irá acordar e jogará o que se espera dele. Basta se planejar direito, correr atrás para terminar bem esse primeiro turno que tem muito chão pela frente, e no paralelo, focar na Libertadores e até mesmo na Copa do Brasil, torneios esses que não contam com tempo de ajustes, ou seja, qualquer erro será crucial para o restante da temporada.

Faça a sua aposta. Para quem não é Flamengo, aproveite esse momento de deleite, porque em breve, terá que aguentar a equipe que voltará para o seu verdadeiro patamar, afinal, em situações normais, só ele para vencer ele mesmo.

Até a próxima!

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