segunda-feira, 9 de novembro de 2020

O CUSTO DE ESTAR EM OUTRO PATAMAR

Foto:Getty Images/Crédito Getty Images 20
E lá se vai mais uma rodada e com ela, mais uma vez com o Flamengo sendo o grande centro das atenções. O rubro-negro mais uma vez deu vexame e deixou de triunfar contra uma equipe na briga direta pelo título brasileiro.

É bem verdade que os holofotes sempre miram o rubro-negro, seja na boa fase ou na ruim, aliás, principalmente nas fases ruins. Doa a quem doer, o Flamengo, ou melhor, o gigante sempre incomodará. Ora, menos, menos. Bem, basta analisarmos, que principalmente, após o ano mágico do clube carioca em 2019, a maioria quando perde ou ganha sem empolgar, se compara com o Flamengo. Se espelha em seguir os mesmos passos, e a razão é bem plausível. O Flamengo, de fato, esteve em outro patamar e mudou a forma de pensar o futebol por aqui.

O clube carioca provou que com planejamento, disciplina, trabalho focado e principalmente foco, tudo tende a dar certo no final. Faz valer a sensação de que valeu cada suor, cada lágrima, cada raiva e alegria vivida no percurso da glória.

Muito bem, é fato que nada dura para sempre. E vamos lá, no começo de 2020 tudo estava bem até a pandemia mostrar a sua cara. Títulos, bom futebol, harmonia e expectativa de que o torcedor rubro-negro novamente teria um ano, nadando de braçadas.

Foi aí que polêmicas envolvendo Jorge Jesus, Covid-19 batendo na porta dos clubes, incertezas se teríamos ou não a bola rolando no ano, entre outras coisas. A mudança se fez presente. Mudança de comando, saída e chegada de jogadores, equipes de fisiologia, entre outros departamentos, diretoria com a vaidade à flor da pele, eleições, etc, etc.

Chega então uma nova aposta. Domènec Torrent e sua comissão técnica espanhola. Já são quase 100 dias de trabalho e mais problemas do que paz. O técnico definitivamente não conseguiu implantar a sua filosofia de trabalho e muito menos deixar claro o que deseja dos comandados. O time está longe, mais bem longe de render o que se espera. Dome ainda não entendeu o que tem na mão. Não entendeu o que é ser treinador aqui no Brasil. Não entendeu que não vale insistir nos mesmos erros. Não entendeu que certas coisas não podem ser ditas em coletivas. Não pode achar normal e entender que tem sorte levar 10 gols em três partidas porque a tabela ajuda, no que diz respeito a posição. Passou da hora do time reagir e voltar a ter 12 jogos de invencibilidade, porém agradando. De provar que é supremo e corresponder às expectativas. O time que antes assustava, agora é desejado pelos adversários para levantar a moral.

É claro que o calendário colabora para o time não engrenar. Só que isso não é uma exclusividade. O Flamengo B ou até mesmo C, bem treinado equilibra as ações no Brasileirão. A solução é simples. Basta definitivamente usar o que tem de melhor e seguir com o que estava dando certo antes da parada. Parar de inventar e insistir nos mesmos erros de escalações e substituições.

E sejamos justos em afirmar que com JJ, o Flamengo também caiu de produção no retorno do futebol, só que tinha hierarquia, tinha padrão tático. Tinha comando dentro e fora das quatro linhas. Falta Diego Alves voltar, falta o cara que chama o grupo para mostrar os erros, todos jogarem para todos e entender qual o papel de cada um. Falta entender que o desafio maior de conquistar títulos é o de se manter na parte de cima. Entender que a garotada é boa só que não é a solução imediata, quando se tem tanta gente experiente e boa tecnicamente à frente. É preciso cobrar e criar uma nova hierarquia, insisto nisso. Dividir papéis e metodologia de jogo.

E longe de achar que falta vontade, só que, pelo menos para mim, deixamos de ser uma equipe homogênea, solidária, aquela que sabe bater e sofrer. Que sabe ter a leitura da partida e mudar esquema tático, alternâncias de posicionamento e mais ousadia, coragem e confiança. O time mostra fragilidade e aceita normalmente as derrotas vexaminosas. O time não agride e pressiona os seus adversários. O time espera um cansaço do outro lado para se impor e por achar que pode vencer as partidas na hora que bem desejar. Virou um time óbvio. Um time que parece querer derrubar treinador.

Muitos ainda vão defender que na verdade o que está faltando é sorte. O time cria só que não faz, e quando atacado, tudo dá certo para o adversário. Até pode fazer sentido, uma vez que o rubro-negro aceita isso. Ora, doa a quem doer, o Flamengo está longe de voltar ao seu antigo patamar e insiste em viver do passado e das sombras de JJ e sua comissão.

E como se não bastasse, ainda temos questões internas no clube. Marcos Braz pensando em sua candidatura política. Rodolfo Landim, vendo tudo de fora. Conselheiros pedindo a cabeça do treinador. Será que a demissão seria a melhor saída? É simples agora assumir um equívoco e bancar os mais de R$12milhões de multa? Ora, nenhum clube deve se ver pressionado pela mídia e pelos seus torcedores. A resposta deve ser dada imediatamente e no campo. Time tem, basta virar a chave.  

Até a próxima!!

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