quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

FLAMENGO É MAIOR QUE AS ELIMINAÇÕES - Por Rodrigo Curty

Foto: UOL
E lá se vai mais uma eliminação do time que é considerado por muitos, como realmente, sendo o melhor do Brasil. E alguém discorda, apesar das quedas?

Ora, o fato é que o aconteceu em 2019, dificilmente acontecerá com qualquer equipe que seja.  Dinheiro, estrutura, salário em dia, trabalho e mais trabalho não é certeza de conquistas.

O Flamengo, sem querer ser prepotente, perdeu e segue perdendo para ele mesmo. Sim, o time nem sempre vai acertar, a começar pela sua direção, que se brilhou no ano passado com contratações pontuais e assertivas, baixo custo nas transações e um planejamento invejável, nesse ano de 2020, antes mesmo da pandemia, vacilou demais, apesar das conquistas.

Tudo começou com a novela de fica ou não fica Jorge Jesus. As saídas de seu corpo médico, incluindo fisiologistas e fisioterapeutas, que foram fundamentais na recuperação de jogadores, contratações equivocadas e por aí vai.

Para piorar, ao invés de focar no trabalho físico, o elenco ganhou férias e voltou totalmente pesado, ou seja, muito ruim fisicamente e tecnicamente. Como se não bastasse, para mostrar sua força, Marcos Braz e Bruno Spindel foram atrás de um treinador na Europa. E olha que sem a preocupação se agradaria a todos, o nome escolhido.

Pois bem, veio a aposta de nome Domènec Torrent, que estava fora do fortíssimo New York City FC, após tentativas frustradas por outros treinadores. Um erro que custou caro demais. O time não se ajustou, perdeu aquilo que havia sido montado pelo JJ e a pandemia, e de quebra, deve milhões ao espanhol.     

A briga interna é e sempre será um problema no clube, e isso não é exclusividade. É preciso uma postura mais presente do presidente Rodolfo Landim. Passou da hora em decidir se fica com Marcos Braz ou Luiz Eduardo Baptista, assim como fez com Paulo Pelaipe. É nítido que existe o rachão e diferenças ideológicas e de postura com o elenco e conselheiros.   

E dessa maneira, isso reflete no grupo, que passou de campeão a amarelão. Os cofres deveriam estar cheios. Ao invés disso, sobra decepções, falta de competência, recuperação de jogadores e lamentações.

Para muitos, a saída de Rafinha, a chegada de uma zaga que não vingou e nem vingará, insistências em nomes como o de Vitinho e perseguidos Willian Arão e Diego também colaboraram para as eliminações. O torcedor vive de paixão e sempre buscará os culpados. Rogério Ceni entra nesse cenário. O treinador pegou uma verdadeira bucha. Veio, ao meu ver, super valorizado graças à ajuda dessa mídia que insiste em se equivocar. O atual treinador conquistou a série B e a Copa do Nordeste. Ora, com todo o respeito, o Flamengo é outro patamar.

Agora, sejamos justos com ele. Sofreu e sofre com desfalques. O time não consegue fazer os gols e lá atrás é uma beleza para qualquer adversário. O maior erro foi querer levantar a moral de Léo Pereira, Gustavo Henrique, inventar posições, como a de Renê de lateral direito. Fora isso, trocar medalhões, em momentos cruciais.

O Flamengo deu azar nas eliminações? Sim, basta olhar as partidas com frieza e ver que o time perdeu a classificação pelos próprios erros e pela competência dos outros. O São Paulo venceu no Maracanã com erros bizarros e no Morumbi, aproveitou as chances. Deu em ambos os jogos 10 chutes e marcou 5 gols. Contra o Racing, o time carioca foi uma equipe que não machucou o adversário desfalcado e na volta, para variar, perdeu uma sequência de gols, deixou a desejar com triangulações, insistiu em chuveirinhos e, tudo isso culminou para mais uma tragédia.

É bem verdade que aparentemente Rodrigo Caio deu mais tranquilidade para Gustavo Henrique. O time estava mais equilibrado, até os erros do zagueiro, sem tempo de bola e precipitado, o que resultou na sua expulsão. Depois o seu companheiro, para variar, entregou o gol. Vale ressaltar que os substituídos Arrascaeta e Everton Ribeiro não são meias que chutam, assim como Gérson. É preciso uma referência para o trio. Gabigol fez e faz falta. Com ele a atmosfera e o jogo do Flamengo é outro. Ninguém discute a qualidade técnica de Everton Ribeiro, só que ao meu ver, ele é supervalorizado e nos jogos grandes, ainda deve, doa a quem doer.

Outro cara fundamental para o sucesso do time, Bruno Henrique ainda está longe do que se espera. Assim, depender de Vitinho e Michael, que ajudam taticamente, só que erram nos momentos cruciais é muito para o torcedor.   

Agora já foi. Nunca é tarde para se ajustar. É preciso paciência, porque mandar mais um treinador embora será novamente um erro da direção. Atitude e trabalho focado é o que deve ser feito. Resta o Brasileirão. É um título importantíssimo.

É aguardar para ver como o rubro-negro juntará os cacos e se organizará até fevereiro. Agora terá uma sequência boa e com um período de uma semana para cada partida. É jogar cada uma delas até a última rodada do Brasileirão como sendo uma decisão.

E nesse período é necessário um planejamento para 2021. Vender jogadores, pensar em trocas pontuais e sem loucuras. Mesclar a garotada com a experiência, em busca do equilíbrio emocional.

Fazer pressão agora só irá atrapalhar ainda mais a sequência. O torcedor tem que apoiar, fazer valer o “aonde estiver, estarei” e ajudar a retomada do time que tem muito para ser extraído.

Ser Flamengo é para os fortes e duvidar de seu ressurgimento pode ser um erro fatal, afinal, ele é maior do que qualquer eliminação.

Até a próxima!!

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